sábado, 7 de junho de 2014

Manhã de Quarta




O sol das sete horas ilumina a rua Daniela,
por aqui, tem várias ruas com nome de mulher,
dizem que tinha um puteiro, daí os nomes,
não sei se é verdade, mas não acho difícil
que seja.

A poeira deixa tudo amarelo,
as paredes e prateleiras dos mercadinhos,
as folhas das árvores, os cachorros, o mato,
o asfalto, os carros, as gentes. Talvez
chova daqui a pouco, não tem nuvens,
mas em PVH, chove do nada mesmo.

Estou indo pegar o ônibus para o trabalho,
ando rápido para pegar pelo menos o das sete,
o que vem depois, vem lotado e vai muito devagar,
enquanto ando, penso em como seria legal
haver calçadas de verdade para pisar.

Os carros passam pelo espaço estreito
do asfalto já muito remendado e irregular,
passam em ziguezagues, também passam
bicicletas e pedestres, o Aponiã está acordado.

Não sei por que, mas lembro que puseram
uma bomba numa praça, na outra rua,
um morador foi entregar para a polícia, 
o artefato: algumas bananas de dinamite 
um relógio digital.

É manhã de quarta-feira
e um dos bêbados conhecidos do bairro,
passa por mim, não sei se está voltando
pra casa, ou se está indo para o bar,
pelo estado, apostaria na volta.

Camisa no ombro, sandálias havaianas
e de vez em quando, ergue os calções folgados
e cospe um cuspe grosso na rua.

"Bom dia"

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