sábado, 31 de janeiro de 2015

Danilo vs Poesia











A ideia aparece, uma não, todas,
uma gangue delas, vem aí um poema,
vai ser um bom poema. Me sento
na frente do computador, abro
o google drive, estralo os dedos,
respiro fundo, e então, começo.

Sai o primeiro verso, saem
o segundo e o terceiro, aí,
eu procuro uma música,

Slipknot? Nirvana? Talvez
Vivaldi ou Beethoven, faz
tempo que não escuto,
talvez Skrillex,

Vai ser Skrillex!

Levanto e danço um
pouco, olho os meus livros,
pego e folheio alguns,

Me sento de novo, mais
um verso, fechei a primeira
estrofe, começo a segunda,

Levanto, vou pra cozinha,
acendo um cigarro, tomo
um café, dou uma volta
no quintal,

Volto pra cadeira,
termino a segunda estrofe,
começo a terceira,

Levanto, pego o minusculinho,
ele mia um pouco surpreso,
faço uns afagos, levo umas
mordidas de brincadeira,

De novo na cadeira,
me sento e já levanto,
vou no banheiro, lavo
as mãos, tomo um banho?
Não, agora não.
"Eu que tantas vezes não tenho tido paciência pra tomar banho",
eu sei do que Pessoa estava falando...

Mais uma estrofe,
saio do quarto, ando
pelo casa falando sozinho
e fazendo uns gestos
grandiosos com os braços,

Volto. Vou ouvir um pouco
de Nirvana, canto junto
com o Cobain, grito um pouco,

♫ I feel stupid, and contagious

Mas nem tanto, hehehehe

Vamos lá, mais uma estrofe,
boto as mãos na cabeça,
faço um pouco de força,
divido ou não divido em duas
partes?

Melhor não.

Abro outra aba, começo
outra poesia, essa vai
ser pequena.

Levanto, procuro um jogo
que vou jogar daqui a pouco,
já são quatro da tarde,
minha mãe fala pra eu
almoçar, como umas bolachas,

Volto pra primeira poesia,
mais um verso, menos um
verso, tenho que tirar umas
coisas e colocar outras,

Começo um crônica, não,
um pensamento, o primeiro
parágrafo sai, começo o segundo,

Faço umas flexões, 20 só,
ando pela casa de novo,
vou no quintal e olho o céu,

4 horas da tarde! O tempo
voa enquanto a gente se diverte.

Termino a segunda poesia,
sinto que poderia esticá-la
um pouco mais, mas deixo quieto.

Tenho a ideia de uma frase de efeito,
posto a frase no Facebook, aproveito
e abro o Twitter, o Google+ também,
será que vale a pena fazer uma imagem?

Minha mãe pede pra eu ir no mercado,
puta merda, não quero ir no mercado,
vou ao mercado, volto do mercado,

Tá aqui, mãe, o sabão,
o açúcar, a farinha, a mistura,
seja lá o que for…

Cadeira de novo, a poesia
está com as mãos na cintura,
chateada pela espera.

Vamos lá, mais uma estrofe,
mais outra, essa vai ser foda!

Melhor terminar o pensamento,
volto ao pensamento, texto em prosa,
está no quase, sai e não sai.

Se o poeta é a antena do mundo,
às vezes, acho que sou 3G,
sinal intermitente.

Olho um site pra rir,
gargalho, ponho o almoço,
dou umas colheradas e
esqueço a panela em cima
da mesa do computador.

Procuro um caderno,
tenho que anotar alguma coisa
e só pode ser no caderno,
achei o caderno, agora,
cadê o lápis?

Acho uma caneta, caneta não serve,
tem que ser um lápis,
acho o lápis, que está desapontado,

Mãe, cadê o meu estilete?

Não sabe, passou o dia
desfazendo uma costura
com ele, mas não sabe.

Acho o estilete, pego o
prato, mais uma colherada,
a Vanessa tá no bate papo,

“Oi, amor, como tá?
Já almoçou?”

Estou almoçando.
Boto a câmera pra carregar,
vamos fazer um vídeo hoje
com a Desesperança e Desespero,
ou A Lição da Pedra, ou outra poesia,
não sei ainda,

Respondo a uma pergunta
no face, “o que é veemência?”
Veemência é o mesmo que
“com vontade”.

Passo um pano na TV
que uso como monitor,
também no modem, na mesa,
limpo o celular,

Volto e termino o pensamento,
deixo pra revisar mais tarde,
mais tarde, às vezes, é
igual a nunca.

Minha mãe diz que vou
ficar doido, eu digo, tomara.
acho Elastic Heart no Youtube,
acho a música bonita,
canto junto no embromation:

♫ Iu nó breique miii i iii
Ai me is faiti for piiiiici i iiii iiiii

Aquela garotinha bailarina
dança com o cara do Transformer
(irreconhecível)
dentro de uma gaiola gigante,
o clipe é perfeito!

É sensível e forte, um pouco
triste, um pouco revoltante,
lindo! A Arte deve ser assim.

O que faço é arte?

Volto à poesia,
empaco.

Paro a música, preciso
de um pouco de silêncio,
de muito silêncio, na verdade,

Tem um palavra perfeita
para o que quero dizer,
perfeita mesmo, só ela
vai servir, mas qual é?

Qual é? Qual é? Qual é?
Ando pelo casa, de novo,
pelo quintal, de novo,
qual é a porra da palavra?

Puta que o pariu!

É simples, não compareceu,
não vai aparecer, uso outra
qualquer, vai servir.

Pronto, mais um verso.

E aposto que a tal palavra
vai inventar de aparecer
daqui a uma semana, aí,
eu vou dizer bem na sua cara,
agora é tarde, bonitona!

Minha cabeça coça,
só que por dentro,
desamarro o cabelo,
amarro de volta,

Desligo o ventilador,
vou vestir uma camisa,
hoje o dia está frio.

Está frio em Porto Velho,
nem é tão frio assim, mas
é frio.

Procuro a camisa,
encontro uma, mas está
fedendo muito, encontro outra,
cheiro, está ok, visto.

Mais uns versos, mais outros,
tiro a camisa, está quente.

Minha mente está uma bagunça,
as ideias não sabem fazer fila,
deixam a minha cabeça como
uma loja num dia de queima total.

Hoje é dia de queima total!
E elas estão desesperadas
porque muitas vão perder
a chance de aparecer na
poesia.

Levanto pela milésima vez,
vou pra cozinha, pego um cigarro,
acendo o cigarro, jogo fora,
tenho que parar de fumar.

Bebo dois litros de água,
volto pra cadeira, e porque
o teclado, o mouse, a cadeira e a mesa
me incomodam muito,
penso comigo mesmo

"Um dia vou ter um lugar
perfeito pra escrever!"

Lavo as mãos e limpo o teclado,
estavam grudentos e não dá pra
escrever com essa sensação
de dedos pegajosos.

Puta merda, perdi o fio da meada,
vai dar um trabalhão pegar de novo,
vamos, lá, começo a ler a poesia
do começo e penso

"Tenho que terminar essa poesia,
tenho que terminar, já tenho um milhão
de poesias por terminar e algumas
já intermináveis..."

As poesias têm um tempo limite
pra serem escritas, depois, dele,
a ideia se perde de vez.

Dai-me forças Senhor!
opa, peraí, eu sou ateu:
dai-me forças, BIG BANG!

Penso nos meus fãs, em todos
os 5, eles vão gostar de ler
essa poesia, vão rir pra caramba,

Tenho que terminar essa poesia,
por eles.

Hehehehe

Nunca é por eles.

Penso na cultura local, na estadual,
na cultura brasileira, essa poesia
vai ajudar em alguma coisa?

Nem ligo.

Penso nos grandes, era assim
com eles, essa briga toda?
Mais uns versos, fecho
uma estrofe e mais outra,
estou chegando lá.

Mais um verso e pronto, estou exausto,
já é de noite e tem formigas
comendo o meu almoço,

Mas agora só falta um título,
“Escrevendo”? Não, muito besta,
“Briga feia”? Também não,
pode até ser, porque fala de uma briga mesmo,
mas falta alguma coisa, não é de qualquer briga
que estou falando.

Já sei,
Danilo vs Poesia

Perfeito. 
Aproveita a onda do UFC.
Vou dormir.


                                              
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