sábado, 10 de janeiro de 2015

Os Pés São O Espelho Da Alma






Tenho um amigo que largou da noiva porque ela tinha pés hediondos. Não sei o que isso quer dizer, não sei como um pé pode ser hediondo, mas foi o que ele disse. E mais: os pés são o espelho da alma, uma mulher que não cuida dos pés não cuida de si mesma. E ainda um pouco mais, a beleza da mulher está nos pés.

Depois que ele me falou sobre os pés da noiva, comecei a reparar e para mim, eram OK. Não sou especialista, mas acho que se aqueles pés não poderiam servir de modelos para propagandas de sandálias, com certeza, jamais constariam em manuais médicos de patologias dos pés.

Ele disse que tentou se acostumar com aqueles pés, mas não conseguiu. Olhava, fazia força, mas nada. Então, começou a investir em indiretas para ver se de alguma forma fazia com que ela prestasse mais atenção aos pés.

Primeiro, vivia dizendo como gostava de mulher com pés impecáveis, que uma mulher com belos pés era tudo o que queria na vida. Ela ou fingia que não ouvia, ou não ouvia mesmo. Então ele mudou de estratégia, passou a elogiar pés de outras, o que era um pouco arriscado.

Quando via um belo par de pés na TV, dizia logo, olha, que pé! QUE PÉ! A noiva continuava sem se importar. Ele seguia firme, cada vez mais ousado. Teve uma vez que ele disse eu lamberia um pé assim! E ela de imediato perguntou que putaria é essa? E é claro que teve confusão.

Não era pelo elogio aos pés. A noiva não se importava se ele achava os pés de fulana ou de beltrana da TV bonitos, muito melhor, aliás, que ficar elogiando peito e bunda, ela pensava. Mas tudo tem limite, o que era aquilo de lamber? Que descaramento era aquele? Pelo que ela sabia, um noivo não pode andar dizendo por aí que vai lamber seja lá que parte for de outra que não a sua própria noiva.

Depois de um tempo, aumentando o desconforto dele em conviver com aqueles pés, ele passou para uma abordagem mais direta, perguntava amor, por que tu não cuida direito dos teus pés? Ela respondia com estão sujos, por acaso? Não estavam, o que para ela era suficiente. Para ele, não era.

Como nem uma nem outra abordagem surtiram efeito, chegou o dia em que ele não suportava mais os pés da noiva, em especial, a forma como aqueles trambolhos se esfregavam em suas canelas à noite. Não suportando mais os pés, rompeu com a dona deles.

Foi um problemão...

Para eles, para as famílias e amigos. Pra quem não sabe, uma relação de muito tempo não se mantém sozinha, apenas pela vontade do casal, há um conjunto de vontades externas envolvidas nessa manutenção. E quando uma relação de muito tempo termina, caso termine, não termina sozinha também, leva junto uma série de outras relações colaterais, surgidas e mantidas em torno dela.

Assim, que o fim de um noivado não significa apenas o fim de um noivado, mas a quebra de todos os acordos não escritos firmados entre as famílias dos noivos, dos seus amigos e ainda de outros envolvidos, de alguma forma conhecidos do casal.

Mas ele não estava nem aí para os transtornos causados a terceiros, não queria mais casar com a dona daqueles pés e ponto. Claro que tentaram argumentar, mas qual é o argumento que poderia ter algum efeito se ele sempre mentia sobre o motivo? Um remédio só cura quem o toma e uma bala só mata a quem acerta.

No fim, tudo acabou dando certo. Ela achou alguém que não se importava com os seus pés e ele encontrou os pés perfeitos, embora a dona deles fosse uma megera insuportável. No amor é assim, cada um, pelo que gosta de uma pessoa, suporta o resto dela.





                                      
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