quarta-feira, 17 de junho de 2015

A Frieza do Método





Recentemente, postei mais uma foto de uma folha impressa lotada de cima à baixo de rabiscos, prova do meu processo criativo e, mais ainda, das revisões que faço. Depois de ver essa foto, esse meu amigo me perguntou como eu fazia pra escrever.

Primeiro falei que era tipo Chico Xavier. Transe, olhos revirados e o lápis frenético sobre o papel. Rimos. Eu ri mais. Ele me interrompeu e falou: Não, sim. Mas sério mesmo, como é? Parei de rir e respondi direito.

A ideia aparece, então, eu fico mentalmente experimentando palavras para vesti-la, se alguma cai bem, escrevo uma primeira versão. Geralmente, sinto que acabei de escrever um grande poema, mas a experiência já me mostrou diversas vezes que a empolgação narcísica não é uma boa consultora para esse tipo de julgamento.

Então, guardo o poema um tempo. Deixo esfriar. No intervalo, aproveito para pensar sobre o que quero dizer, como vou dizer e por aí vai. Quando a empolgação passa, às vezes, depois de uns minutos, noutras, depois de dias, eu volto ao poema, já munido de ideias mais claras, e o reviso, pelo menos, umas 4 ou 5 vezes. Tem vez que mais. Depende.

Como era nesse ponto que o meu amigo queria chegar, ele interrompeu minha minipalestra improvisada e indagou: Mas isso não estraga o melhor da poesia? Nesse momento, eu olhei bem no fundo dos seus olhos, ajeitei a postura, aqueci a garganta e declamei:

O segredo é tirar a poesia da vida sem tirar a vida da poesia, José Danilo Rangel.





                                        
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