sábado, 7 de maio de 2016
A Ideia
Vou perseguindo
a ideia solta, um sopro,
uma cor que dança,
Rebuliço de criança
que adeja como luz
- se luz tivesse asas.
Borrifo de alvoroço
que perfuma e fulge
que espuma e foge,
Lampejo.
Tivesse fora, eu ia
embora procurar, mas
estando dentro
A andança é outra,
é um passeio por rotas
e redes neuronais.
Me concentro, intento,
penso que avanço,
mas é quando paro
E espero
Quando já nem sei
se quero
Que a ideia acalma
e pousa toda, repousa,
aquietando a inquietação,
Contemplo, penso, meço,
teço alguns entendimentos
e especulações
E porque maravilhado
quero vesti-la de palavras
bonitas e refinadas:
Pra mostrá-la!
Quero ser aquele
que soube capturar
esse insight,
Quem soube captar
essa mensagem,
quem tirou a foto da
fagulha.
Procuro um nome
pra lhe dar, um contorno e
quando estou no quase
A ideia se mexe,
se remexe e escapa
- sabonete liso, pula
da minha mão.
Não quer o limite
da palavra, o feitio,
a forma fixada,
Cópia só de um lado,
retrato falado,
rabisco
A ideia
não quer o risco
do que é comunicado.
Não quer ser dita,
porque se quer toda
e não tem como caber
Na fala,
que é vasilha pequena
e no que transborda,
Cala!
A minha abstração
tá se querendo
intacta
Colibri ou borboleta,
de qualquer modo,
alada,
Não quer tentar
o voo da expressão,
A ideia quer o silêncio
e o segredo do habitat,
teme o sol e o espaço
Não quer sair de dentro
pra qualquer canto fora.
Costuro um poeminha,
simples, vestido de menina,
colorido e solto;
A ideia
não quer caber.
Negocio,
Veste um pouco,
só pra visitar outros
pensamentos
Depois, volta a brincar
sem corpo a brincadeira
de me inquietar.
Ela aceita, faz birra,
mas aceita, aceita, mas
só o tempo de um poema,
Logo em seguida,
se despe, se solta e voa:
volta a brincar.
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Eita, Danilo! Arrepiei. Lindeza de poesia!
ResponderExcluirValeu!
ExcluirParabéns Danilo , escreves muito bem .
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