sábado, 29 de outubro de 2016
Olho e Ampulheta
Eu vejo o tempo
passar no rosto
dos meus amigos
E o espelho
me diz que não
tô a salvo
Dores nas costas,
calvície, cansaço,
dentes fracos,
Gritos do corpo
avisando que o
tempo me rouba
Pouco
a pouco
A vida.
Penso nisso
e porque penso,
me dou conta:
Eu sei por que
tanta gente
corre amalucada,
Por que tanta
gente vive
preocupada
– Sem viver!
Eu sei por que
essa loucura
toda:
É pra
não ver!
É pra não ver
que o tempo voa,
a vida escapa
e a morte vem.
É pra não lidar
com isso,
a traça!
Mas
não tem jeito:
de todo jeito,
o tempo passa.
Pro banqueiro e
pro vagal da praça,
pro menino e pro
João sem graça,
Pra quem ama
e quem desama,
O tempo
passa.
E eu prefiro
tá atento à dor
de cada ruga nova
A sentir, mais tarde,
que a vida toda
foi um pulo à toa
Do berço para
a cova.
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