quarta-feira, 24 de setembro de 2014

De Hora em Hora




Há em mim duas histórias,
uma já pronta, já acontecida,
e outra se não completamente
em branco, ainda por acontecer.

Embora eu viva fazendo
conhecidos e desconhecidos
rir e se espantar
com algumas narrativas
do que já passei,

Mais que todas elas,
me interessa aquilo
que ainda está por vir,
a vida que ainda não
realizei.

Não acredito em destino,
como não acredito
que tudo é possível,
parto da incerteza,

Adiante é tudo incerto
e essa é a própria beleza
de ir vendo e se fazendo,
caminhando passo a passo,
se permitem as pernas,
se as estradas deixam.

E não me preocupo muito
com a chegada, vou andando
e olhando a paisagem,
seu sol ou sua lua,
sol ou chuva.

Há tempos, aprendi que o
alvo não é mais belo
que o arremesso da flecha,
seu percurso,

Nem o lugar aonde se chega,
melhor que os caminhos pra lá,
e quando falamos de tempo
toda hora a que chegamos
é sempre a mesma hora
que vamos abandonar.




Um comentário:

  1. Arrisco dizer que, imagino, e tenho quase certeza, de que há não apenas duas histórias, e sim, muitas. Adorei o poema.

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