quinta-feira, 6 de agosto de 2015

A Alegria de Saber


Não é de hoje que me incomoda a ideia de que há uma ligação necessária entre sofrimento e aprendizagem, como se do sofrimento sempre resultasse alguma lição. Se o sofrimento ensinasse como dizem que ensina, o mundo estaria cheio de gênios. Mas não está. Também tem aquela outra ideia que fecha o ciclo, conhecimento traz sofrimento e os sábios de verdade estão todos prestes a enrolar uma corda no pescoço.

Assim, parece que é uma atividade masoquista buscar conhecimento, porque é preciso sofrer para aprender e, depois que se aprende, o prêmio do saber é (adivinhe só!) mais sofrimento. É sofrimento demais.

Não duvido que alguém exposto a uma série de desafios cotidianos esteja mais preparado para vida que outro, a quem as circunstâncias favoreceram, adularam e por isso, amoleceram, no entanto, desconfio que o primeiro cara do exemplo seria reduzido a nada se não tivesse se esforçado e arranjado um jeito de lidar com as dificuldades que lhe foram impostas.

Dito isso, digo que o sofrimento, não gera conhecimento, gera a necessidade de conhecer, de se desenvolver. E a questão, pra quem está passando por dificuldades, é sempre essa: ou dá um jeito ou se lasca. Daí que dar um jeito, daí que se tornar capaz de dar esse jeito se torna algo necessário, se não imprescindível. De todo modo, o sofrimento estaria na base do conhecimento, sendo sua causa indireta.

Por outro lado, pelo menos já conseguimos ver que não é o sofrimento que traz conhecimento, nada traz conhecimento, na verdade. Se você não correr atrás, ele fica lá, onde está e ponto.

Até aqui concordamos que o sofrimento gera a necessidade de evoluir, de aprender, a sede pelo saber, do saber para poder se virar, mas já é hora de apresentar uma alternativa: a felicidade, o bem estar, o ficar bem. Será que somente diante de problemas é que se aprende algo? Eu aposto que não.

Durante a vida, vamos sofrendo e aprendendo. Por outro lado, algo em nós nos guia adiante, da infância para a adolescência, da adolescência para a adultez, vamos chamar de vontade de autonomia. Quando somos crianças, queremos as permissões dos adolescentes, quando adolescentes, as maravilhas da vida adulta. Uma mulher quer ser mãe e arquiteta, um homem quer ser pai e advogado.

Eu não sei se fui claro. Mas há essa vontade em nós de sermos mais, melhores e por aí vai, essa vontade de estar bem, de realizar nossos sonhos, ideais. Tudo isso nos puxa pra frente, talvez até mais do que nos empurrem a dor e o sofrimento. E não é através do que vamos aprendendo que vamos conseguindo ir adiante? Se é, então, saber nem sempre traz sofrimento.

Mas tem mais. Acredito que os dias de alegria também têm algo a nos ensinar, e que é a lição mais importante a se aprender.

Cada pequena ou grande conquista comemorada, cada passo adiante, cada vez que amadurecemos um pouco e que podemos desfrutar desse amadurecimento, todos aqueles inúmeros momentos quando a Vida, de repente, é uma dádiva e nos sentimos bem, todos eles nos ensinam que vale a pena e que não fazemos o que fazemos cotidianamente simplesmente para evitar a dor e o sofrimento.





                                                   
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