sábado, 8 de julho de 2017

Suma Cronológica





30 e poucos anos, já tenho
um tempo, mas é mais o tempo
que me tem.

Coisas que vivi ainda vivem
no interior de mim, coisas
que passei
ainda não passaram,

Lugares que habitei,
hoje
me habitam

E porque o que lembro
é mais ou menos sempre
como lembro,

A antiga casa
da rua 4 ainda tá lá,

Pra sempre chove dentro,
a gente sempre dorme em
redes

E pra sempre há muitas casas
e muitos postes de madeira
no Nova Porto Velho.

Sou desse tempo:
década de 90,

A gente jogava peteca na rua
e brincava de explorar os enormes
terrenos baldios de lá,

Sou desse
tempo,

Do tempo em que o mundo
não ia passar dos anos 2000
(acho que não passou mesmo,
não aquele mundo).

Sou desse
tempo

E pensando
em minha essência atrelada
a datas e lugares das minhas
3 décadas de experiência,

Me dou conta que tenho
medos e coragens, esperanças
e vontades do século passado,

Sou de
outro tempo.

Mas porque o tempo fora é um
e outro é o tempo dentro, digo
que

Sou do
meu tempo

E o meu tempo ainda é
e tá sendo,

E o que sou
vai tomando forma
enquanto se transforma

E vai sendo o que pode
nesse enquanto que dura
mais
que um instante só.

Sou o meu
tempo.

As horas mortas que carrego
às costas e as que ainda nem
nasceram

Sou do tempo
— e mais que tudo,
sou do agora.

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