1.
Aquela
era mais uma noite normal
pro adolescente que eu era;
momento de andar por aí
atrás de algo que eu não
sabia direito o que era,
mas queria muito.
Morando no centro,
sempre havia uma praça pra ir
e sempre a esperança de
haver por lá uns conhecidos
e uma forma de atropelar
algumas horas.
Subi a Sete, era noite já,
cheguei na praça do baú e lá
estava: a máquina da Coca-Cola
e um pequeno tumulto em volta.
Alguém ia lá, colocava uma cédula,
apertava um botão, a mágica acontecia,
olhos brilhavam e bocas soltavam
exclamações diversas.
Não lembro se houve aplausos
a cada lata expelida pela máquina,
mas sempre tenho a impressão
que sim.
2.
Nunca tinha visto uma daquelas,
na verdade, nem sabia que existiam
então, também estava muito curioso
pra ver aquele milagre da ciência
funcionar,
Mas me juntei a um conhecido
que encontrei por lá e, embora
ele também estivesse meio
encantado com aquilo
não queríamos dar uma de
beradeiros.
Então, nos apoiamos no pacto
dos chegados, pacto não escrito
e nunca de fato, feito,
mas válido e respeitado:
eu não te desmascaro,
se você não me desmascarar.
- E ostentamos a mais
descarada e cínica naturalidade.
3.
Hoje em dia, ser beradeiro,
ou bera, é até questão de orgulho,
tem gente que enche o peito
pra falar:
Sô béra mermo, mermão!
E isso, em boa parte, tem a ver
com o engajamento do Boca,
das suas músicas e telas,
Ele se apropriou do termo
e lhe deu um novo sentido,
transformou num meio
de afirmação da identidade local;
Mas antigamente,
chamar alguém de beradeiro
era chamar pra briga.
Era sinônimo de matuto,
caipira, bicho do mato,
e na cidade, ninguém
quer ser matuto, caipira,
bicho do mato.
Muito menos, quando somos
adolescentes nos passando
por grandes conhecedores
do mundo.
Ficamos de longe, num banco,
apontando e rindo dos outros.
descarada e cínica naturalidade.
3.
Hoje em dia, ser beradeiro,
ou bera, é até questão de orgulho,
tem gente que enche o peito
pra falar:
Sô béra mermo, mermão!
E isso, em boa parte, tem a ver
com o engajamento do Boca,
das suas músicas e telas,
Ele se apropriou do termo
e lhe deu um novo sentido,
transformou num meio
de afirmação da identidade local;
Mas antigamente,
chamar alguém de beradeiro
era chamar pra briga.
Era sinônimo de matuto,
caipira, bicho do mato,
e na cidade, ninguém
quer ser matuto, caipira,
bicho do mato.
Muito menos, quando somos
adolescentes nos passando
por grandes conhecedores
do mundo.
Ficamos de longe, num banco,
apontando e rindo dos outros.
Era assim
que a gente mantinha a reputação
de moleques urbanos, ligados nas paradas,
fingindo tédio diante de tudo e zombando
dos outros.
Até hoje, não sei como se faz
pra pegar um refri na máquina
de Coca-Cola.
que a gente mantinha a reputação
de moleques urbanos, ligados nas paradas,
fingindo tédio diante de tudo e zombando
dos outros.
Até hoje, não sei como se faz
pra pegar um refri na máquina
de Coca-Cola.
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