sábado, 30 de agosto de 2014

Ilarilari ê, ô ô ô





Eu trabalhava numa
empresa que mexia com
metalurgia da construção civil,

Era um auxiliar geral de
metalurgia da construção civil,
ou seja, um badeco,

Às vezes, o trabalho era
tão pesado que eu pensava
que estava ali, substituindo
o incrível Hulk,

Ele tinha pedido demissão,
porque não aguentava mais.

E era de domingo a domingo,
a gente dava um jeito de aguentar,
ria, contava histórias, corria
sobre o telhado, se pendurava
por cordas, se agredia, xingava,
se divertia.

Mas tinha esse cara

que queria colocar um sobrinho
dele no meu lugar,


Na cabeça dele, era um bem
que estava fazendo à família,

arranjando um emprego
pro sobrinho, 

Mas aquele 

emprego não era um bem
pra ninguém.

O fato é que ele fazia de tudo
para piorar a minha vida
já não tão boa, ali,

Dava instruções erradas,
reclamava muito, brigava
sempre e por nada,
arranjava os motivos
mais nada a ver

E quando eu falava alguma coisa,
ele corria pro nosso chefe
pra dizer que eu era inútil.

Eu pensava todo dia em ir embora,
em deixar de mão, entregar os pontos,
dizer tudo bem, seu filho da puta,
você ganhou.

Mas então, no dia que eu quase fui,
me ocorreu que só eu sairia no
prejuízo com minha demissão,

Pensei na minha família,
na minha mãe costurando e bordando
dia e noite, pensei no aluguel
e nas contas pra pagar.

Fiquei.
Naquele dia,
eu me tornei adulto.

E em vez de pedir as contas,
comecei a passar os dias
cantando ilarilari ê, ô ô ô,

Nada mais que essa parte,
a toda hora, só a
maldita dessa parte.

Ele sempre trabalhava comigo
e se aproveitava da hierarquia
pra me encher o saco,

Eu não ligava mais, ele gritava,
reclamava, fofocava, se mal dizia
e eu lá,

Rindo e cantando, ilarilari ê, ô ô ô,
das 7 da manhã às 6 da tarde,
sem descanso pro almoço,
ilarilari ê, ô ô ô.

Bastaram alguns dias de
ilarilari ê, e ele pediu
pra não trabalhar mais
comigo.

O mais doido de tudo é que
depois, viramos amigos.

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