sábado, 20 de dezembro de 2014

Fastfood







1.
Pode ser que eu esteja errado,
mas acho que alguém feliz
não persegue desesperadamente
quaisquer migalhas e farelos
de felicidade.

O que acha?

Não sei, mas penso que
quem é feliz, aguarda,
é paciente, tem um sossego
na cara, no jeito de andar,

E mesmo quando não tem nada
imediato com que se alegrar,
está alegre. A alegria é
sua forma de encarar
a vida.


2.
Você vai achar que não tem
nada a ver, mas tem: sabe
os glutões esfaimados que
vivem na base dos fastfoods?

Estão sempre comendo
pastéis, hotdogs, esfirras,
sanduíches, bolos, tortas,

Mas como nada disso mata
a fome, estão sempre
famintos.

Pois é assim que estamos:
entupidos de sensações felizes,
mas nunca satisfeitos.


3.
É como se o mundo fosse
uma dessas longas mesas
dos dias de confraternização
do trabalho, quando o pessoal
capricha,

E a gente fosse aquele
tipo de sujeito que fica sem
jantar pra aproveitar melhor
o banquete do dia seguinte,

Tem de tudo, mas a gente
nunca pega a salada, a maçã,
os pedações de melancia ou
o pão integral,

A gente ataca os salgadinhos,
os bolos, os doces, o vatapá,
no lugar do suco, a gente enche
o copo de refrigerante, vai em
tudo o que tem muito açúcar,
muita gordura,


4.
A gente se empanturra,
sabe que não é saudável,
sabe que faz mal, mas
quem está ligando?

É gostoso!

A gente quer o que é
gostoso, imediato, efetivo, 
o bom de comer é isso:
desatenção e entrega.

Depois do festival da gula,
a gente volta pra sala, com
os estômagos já pra
arrebentar

E fica lá, jiboiando,
um pouco triste
e ainda com fome.




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VALEU.

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