sábado, 4 de junho de 2016

Inventário



Compro roupa fácil,
compro tênis fácil,
chego na loja e se
gostar, levo.

Levo o quê?
10 ou 15 minutos.

A Vanessa pede
pra eu pensar,
ela sempre pergunta
se tenho certeza,

Eu sempre tenho.

“É esse aqui,
vou levar!”

E levo.

É assim, em lojas
de roupas e calçados,
mas em lojas de
material de construção,

Heheheheh

Se eu for comprar
um parafuso, fico
pelo menos uns
45 minutos.

É um dos meus passatempos,
perder tempo olhando
peças, chaves, alicates,
ferramentas, canos,
encaixes, colas, tintas,
lâmpadas, e por aí vai.

A Vanessa não me
apressa, entende o
fascínio que tenho

E por que o tenho.

Outro dos meus passatempos
é inventar coisas,

Já inventei minhas próprias
armaduras dos Cavaleiros do
Zodíaco,

Sim, armaduras, no plural
- depois que fiz a minha os
amiguinhos do bairro quiseram
também.

Já inventei uma luminária
feita com um guarda-chuva,
outra, mais sofisticada,
com canos e um pé
de ventilador,

O mais recente
é um suporte de câmera
e microfone.

Acho que o termo
não é inventar, não
invento coisas, invento
novas funções pra coisas
já inventadas.

Gosto de olhar o que existe
pra saber que existe, porque
quando estou pensando
em reinventar algo, consulto
o meu catálogo mental

E construo primeiro
mentalmente, penso
no que preciso fazer,
no que quero fazer
e, principalmente
no que dá pra fazer.

Com o suporte de câmera,
por exemplo, foi assim,
pensei primeiro no que precisava,
depois, no que queria,
depois nas peças que tinha,
nos canos e tudo mais

Depois é que pensei em
como fazer, depois,
comprei umas coisas
que faltavam, montei.

Pronto.

(Agora vem aquela parte
em que mostro como isso
se liga ao exercício da Arte,
da Filosofia e da Vida em geral
e você, impressionado, pensa
que “sim!”)

Por isso, gosto de ler,
de conversar, falo
mais que ouço,
mas também ouço,

Da mesma forma como
olho as prateleiras das
muitas lojinhas aqui do bairro,
ouço,

Da mesma forma
como guardo a peça vista,
guardo a ideia ouvida.

Por isso, gosto de trocar
ideia,

Quem troca ideia
nunca sai perdendo.

Você tem uma ideia,
o cara tem outra,
aí vocês trocam
uma ideia

E cada um, que tinha
uma, fica com duas.

É assim que vou
aumentando o meu
inventário de ideias.

Aí, quando preciso,
abro o meu grande
catálogo de ideias
e vejo se alguma
pode me ajudar.

Mas embora goste muito
de mexer com bregueços e
burundungas, como diz
minha mãe,

Gosto mais de mexer
com ideias, porque é
difícil inventar uma coisa,

Limitado, muito
limitado!

Mas as ideias
são o barro mágico
da imaginação.

Uma ideia não é só
algo que se inventa,
é a própria essência
da invenção.



                                           
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