PRIMEIRO EU

01.
Agosto em Porto Velho
é triste.

O céu tá sempre cinza,
a gente sufocado
esperando a chuva
que, de vez em quando,
vem.

No mais,
faz um carão de chuva,
a gente se anima
e nada…

Nem pingo!


02.
Saio do trabalho e paro
pra atravessar a rua,
1 e 30 da tarde,

O trânsito deu um nó
na Presidente Dutra
com a outra rua lá
que não lembro
o nome.

Não é preciso ser filósofo,
nem pensador, nem nada,
pra imaginar que o fluxo
travou por causa do excesso
de abusos.

Tá todo mundo com pressa,
passando na frente do outro,
fechando, dando um jeitinho,
aí, é isso:

Todo mundo parado.

Um pouco de paciência
e talvez, o trânsito ficasse bem,
ninguém passaria tão rápido
quanto o risco de uma batida
permite passar,

Por outro lado, ninguém
ficaria parado esperando
os malucos e suas maluquices.

Mas pra que funcionasse
seria preciso que todos fossem
repentina e simultaneamente
possuídos por um senso
de cooperação.

Seria legal se existisse
uma lei pro trânsito…

Hehehehehehe


03.
O mundo é isso,
um lugar cheio de gente
pensando “primeiro eu”.

Pego a moto e vou pra casa
e pelo caminho, enquanto encontro
vários carros plotados com as fotos
sorridentes e fingidas de candidatos
à prefeitura, fico pensando no que é
que os donos dos carros tão ganhando.

Duvido muito que acreditem que
seus candidatos vão fazer algo que
preste, que pelo menos acreditem
em seus candidatos ou nessas
caras lambidas que eles fazem
na televisão.

Aposto que não acreditam,
acreditam é na vantagem
que podem tirar disso e
acreditam a ponto de esquecer
que vivem na cidade e que
os prefeitos passam, mas
a precariedade

Fica.