Poeta (Mas Nem Tanto)
Blog do escritor José Danilo Rangel.
sábado, 8 de julho de 2017
Suma Cronológica
30 e poucos anos, já tenho
um tempo, mas é mais o tempo
que me tem.
Coisas que vivi ainda vivem
no interior de mim, coisas
que passei
ainda não passaram,
Lugares que habitei,
hoje
me habitam
E porque o que lembro
é mais ou menos sempre
como lembro,
A antiga casa
da rua 4 ainda tá lá,
Pra sempre chove dentro,
a gente sempre dorme em
redes
E pra sempre há muitas casas
e muitos postes de madeira
no Nova Porto Velho.
Sou desse tempo:
década de 90,
A gente jogava peteca na rua
e brincava de explorar os enormes
terrenos baldios de lá,
Sou desse
tempo,
Do tempo em que o mundo
não ia passar dos anos 2000
(acho que não passou mesmo,
não aquele mundo).
Sou desse
tempo
E pensando
em minha essência atrelada
a datas e lugares das minhas
3 décadas de experiência,
Me dou conta que tenho
medos e coragens, esperanças
e vontades do século passado,
Sou de
outro tempo.
Mas porque o tempo fora é um
e outro é o tempo dentro, digo
que
Sou do
meu tempo
E o meu tempo ainda é
e tá sendo,
E o que sou
vai tomando forma
enquanto se transforma
E vai sendo o que pode
nesse enquanto que dura
mais
que um instante só.
Sou o meu
tempo.
As horas mortas que carrego
às costas e as que ainda nem
nasceram
Sou do tempo
— e mais que tudo,
sou do agora.
sábado, 1 de julho de 2017
Um Tipo de Heroísmo
Como se não houvesse
lobos à espreita,
passo;
Como se não houvesse
chance de fracasso,
tento;
Como se não houvesse
o chão e a queda,
sonho;
Não que não saiba
o risco, não que não
tenha medo,
É um preceito
simples e alguma
confiança nele:
Não dá certo viver
contando com sortes
e milagres,
Mas também,
Não vou viver
como que à espera
do desastre
Calculando os atos,
orientando as pressas
e os passos pra fugir,
Não!
Pode-se dizer
que é um tipo de
heroísmo
Que não pretende
me manter sempre
a salvo
E por isso mesmo,
há tempos que
me salva
Pelo menos,
da mediocridade.
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sábado, 24 de junho de 2017
As Manhas de Cair
Há uns 10 anos atrás,
eu era um esportista radical,
andava de cross
E andar de cross tinha
um objetivo muito simples,
acertar manobras,
Mas pra acertar manobras
primeiro, a gente tinha que
aprender as manobras
E aprender as manobras
demandava tentar, tentar
e tentar.
Na verdade,
andar de cross era mais
sobre tentar do que acertar
E
tentar era mais
sobre cair.
Embora acertar a manobra
fosse o bonito da coisa,
aprender a cair era parte
essencial daquela arte.
Tanto que
pra distinguir um novato
de um vetera nem precisava
ver os dois acertando nada,
Era só olhar
como os dois caíam.
Em geral, o novato se
assusta, resiste, tenta
evitar a queda inevitável,
se arregaça e vai sentar
no meio fio, um tempo,
Um veterano, não!
já com as manhas de cair,
macaco velho dos desastres,
não resiste, bola, rola,
se entrega, desassustado,
Rala os cotovelos,
os joelhos, a barriga
e os peitos no processo?
Rala!
Mas aí, levanta
e já tá pronto
pra tentar de novo.
Taí,
Se tem uma coisa
que eu aprendi, andando
de cross,
Além de misturar refrigerante
e cachaça na proporção perfeita,
ouvir Slipknot, Korn e por aí vai,
Foi a cair.
E nessa nossa vida
em que acertar exige
tantas tentativas e as
tentativas tantas quedas,
Saber preparar uma
bebida é muito bom,
mas
Saber cair
é fundamental.
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sábado, 17 de junho de 2017
Nem Lobo, Nem Bobo
Eu sei
Que vou lembrar
do ato, vou lembrar
do fato, vou lembrar
da escolha,
Sei que vai
sobrar pra mim,
qualquer que seja
o resultado,
Por isso,
o meu cuidado
com o que vai
sobrar
De mim.
Penso em não
criar fantasmas
pra me assombrar
o futuro,
Penso em não
erguer o muro
onde arregaçar
a cara.
Já sei que a vida
tem bons e maus
humores, alegrias
e dores,
E que boa parte
tem mais a ver
com sorte,
Mas
no que depender
de mim, já sei
brincar com fogo,
Já não
me queimo
sem motivo.
Nem lobo,
nem bobo,
Vivido.
Eu já municiei
o carrasco,
dei mais tropeços
do que passos,
Mas aprendi!
E hoje eu sei
que há lutas
de que resulta
só o cansaço
E que
tão importante
quanto dar o passo
É saber, antes,
onde o passo
dá.
Já fui jovem
e já vivi como
se não houvesse
amanhã,
Pessoal falava,
tentava aconselhar,
mas eu era surdo
e não tinha medo,
Pensava
que ia morrer
cedo,
Pensava, não,
talvez
até quisesse,
Mas
acontece
que nem morri.
Tamo aí!
Pra continuar
tentando.
A cabeça é dura,
mas a intenção
é boa,
Já sofri muito,
já sofri demais,
pra taí
sofrendo à toa.
Tô tranquilo
e se possível,
eu quero é paz.
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sábado, 10 de junho de 2017
Sobre a gente
Pra minha borboleta, Vanessa.
Tudo muda, o tempo passa
e nada escapa sem mudança,
Apesar das esperanças,
não é porque ama ou é amado
que alguém deixa de mudar e
ser mudado,
O maior amor não imuniza
quem o sente, na verdade,
muitas vezes, é ele mesmo
o que muda a gente.
E eu mudei por você
e você mudou por mim,
pra gente ficar junto
e mais que isso,
Pra permanecer
assim:
De mãos dadas,
quatro pés pisando
a mesma estrada.
Esses dias eu tava
lembrando da gente
aprontando pela cidade,
logo no comecinho do
namoro,
Quase a gente mata
os teus pais do coração,
de tanta preocupação
que a gente dava...
Lembrei da gente
vivendo na base do miojo
e carne de lata cuidando
da casa do meu tio,
Lembrei da gente
dormindo num colchão
todo arregaçado, vendo
os piratão;
A gente não é mais
aqueles abestados
e a vida já não tá tão
ruim assim,
E é claro que no meio
das mudanças, muitas,
o nosso amor não ficou
parado,
Não é mais aquele
amor principiante,
mais empolgação
que tudo,
Agora,
é um amor que já
tem as pernas fortes
de tanto que já subiu
ladeira,
É um amor duro,
desses que duram
a vida inteira.
E porque a gente
teima em continuar
andando lado a lado,
É um amor que tem
futuro muito mais
do que tem passado.
Eu sei que tu sabe,
mas não custa nada,
repetir:
Não
te prometo a lua,
porque não tenho
como ir lá buscá-la
Mas,
qualquer coisa,
fala,
Porque tô
sempre e vou
ficar aqui,
Pra ti.
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sábado, 3 de junho de 2017
Raul que me perdoe...
Já mudei muito
de casa, de escola,
mas mudei mais
de mim,
Muito mais
de mim...
E se você acha
que incomoda
mudar pra uma casa
ou uma escola nova,
Imagina viver
de transformação
em transformação,
De mudança
em mudança,
Andando num
chão que também
anda e, às vezes,
dança.
Sou tão outro do
que era antes que
velhos amigos não
me reconhecem
E
os novos quase
que não acreditam
quando conto,
Não é
como se fossem duas
pessoas diferentes
e sim 10 ou 20,
Cada tempo em que
vivi teve uma versão
de mim e eu passei
por muitos tempos,
Eu era todo argila
e o mundo, me
apertando, me
moldava,
Mas aí,
pelo meu próprio
bem, aprendi a ser
mãos também
E
alguns segredos
da modelagem.
Existencialista,
penso que a essência
não é um presente,
mas uma conquista,
Então, se hoje sou
quem sou, é porque
um batalhão de mins
lutou pra conquistar
E
alguma coisa
conquistou!
Não sem perder
ou sem conhecer
alguns fracassos,
Na verdade, há
mais tropeço do
que passos na minha
caminhada,
Mas sou quem sou
e até que tô contente
com isso,
Não que isso seja
uma grande glória,
uma grande história,
Mas
não tá perdido
é bom e é tanto
que é como vencer,
Já que eu prefiro
NÃO SER
aquela metamorfose
ambulante.
Raul que me
perdoe...
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sábado, 27 de maio de 2017
Depois da Queda
Quem a vida ainda
não quebrou, não
teve ainda que se
remendar
E se por isso
não sabe ainda
como pode ser fraco,
Também
não sabe como
pode ser forte
Que isso a gente
só descobre quando
a vida obriga a revidar.
Quem ainda não
caiu, não desconfia
nem do piso, nem
do passo,
Avança firme
sem se dar pela
possibilidade do
tropeço;
E só
por isso.
Quem ainda é
virgem de desastre
não sabe ainda que
tem o que temer
Por isso
não tem por que
ter coragem.
Taí porque
não vejo motivo
pra admirar os
inocentes
Os que passeiam
por um mundo
sem risco,
Acho que há o que
admirar naqueles que
já conhecem a dor
E vão
em frente.
Ainda mais porque
no fim, todo mundo
tomba e tem que dar
seu jeito
De
se levantar,
Mas
nem todo mundo
que tomba e se
levanta
Continua
a caminhar como
se não houvesse
a queda
Que
agora há.
Gostou?
Então, não deixe a peteca cair,
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