sábado, 9 de agosto de 2014

Superstar



Geimison tinha ficado famoso de uma hora pra outra, aos 12 anos de idade, por dublar uma música famosa de um jeito engraçado. O irmão mais velho de zoeira postou o vídeo no Youtube e mandou pros amigos que mandaram pros amigos que mandaram até pra quem não conheciam e estes, ainda para muitos outros. A produção acabou aparecendo num blog de humor muito conhecido. Viralizou. Quem é que  não gosta de criança fazendo criancices?

A fama aconteceu. Geimison apareceu em programas de TV, deu entrevistas, ganhou a reforma da casa dos pais, mobília nova, era tido como um prodígio, conquistaria o mundo, faria turnês internacionais. Ele se sentia assim, sentia que ia conquistar o mundo, as pessoas faziam que ele sentisse isso. Na escola, fizeram uma festa para recebê-lo. Todo mundo o cumprimentava pelas ruas. Iam à casa dele, vê-lo e pedir uma foto ou um autógrafo, ou os dois. Ele dormia feliz, empolgado e sempre sonhava com o monte de brinquedos que poderia comprar, com uma viagem à Disneylândia, sucesso é isso.

O tempo passou. E com a mesma velocidade com que o menino fora lançado à vida pública fora de novo arremessado para o total anonimato. Na semana seguinte, já o assunto era outro. Era um gato pulando alto perseguindo a luz vermelha de um laser, uma bebezinha lendo, fazendo que lia, o vídeo de uma briga, o vídeo de uma jovem falando engraçado no momento do sexo. No mês seguinte, o vídeo de Geimison era já antiguidade. E nem os amigos de antigamente, que Geimison tinha desprezado pela fama, falavam direito com ele.

Geimison tentou refazer o sucesso com outros vídeos. Mas não aconteceu. No último, ele tinha já 15 anos, não era engraçado, era só um adolescente do interior com maquiagem pesada dublando a Lady Gaga, ninguém achou graça. Isso o deprimiu de vez. Na escola (outra já porque na primeira ninguém mais andava com ele), o pessoal tinha visto a sua mais nova produção. Foi unânime, era ridículo, vergonhoso, miseravelmente vergonhoso. A tentativa desesperada de uma subsubcelebridade voltar a ser o centro das atenções. Um babaca a mais no mundo.

Um dia, a mãe, quem sempre contava a história pros parentes e amigos da família, que ainda falava com orgulho de quando o filho tinha apertado a mão do Sílvio Santos, frisando bem com a fala e os olhos arregalados o “Silvio Santos”, chegou para o filho e perguntou o que é que havia com ele, que andava cabisbaixo e sem comer direito. Geimison lançou um olhar dramático para o longínquo horizonte e, com grande teatralidade e afetação, pronunciou: é como dizem por aí, mãe, a fama é uma vagabunda. Hoje te amam e amanhã limpam a bunda com a tua cara. Uns dias depois, fez um vídeo sobre isso. Também não deu certo.

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