sábado, 6 de setembro de 2014

Ida Ao Supermercado




1.
1998 ou 1999, era o ano, meu pai
chamava a família toda pra ir
no supermercado Rocha e Costa,
acho que nem existe mais.

Ele nos levava pra economizar
o dinheiro do táxi, cada um
pegava umas sacolas e depois,
das compras, a gente ia pra casa
assim, carregados.

A gente chegava lá e ficava logo
atordoados com aquele mundo
de caixas coloridas, bolachas
de todo tipo, doces, refrigerantes,
brinquedos, tudo ao alcance
da mão,

E minha mãe dizendo:
põe isso de volta menino,
deixa essa boneca aí, menina,
não abre esse danoninho,
se não eu te quebro,

Dava uma raiva.

E eu e meus irmãos, voltávamos
pra casa, carregando aquele
monte de sacolas sem nada
do que queríamos dentro,
putos da vida.


2.
A gente que faz as compras, agora,
pegamos o carrinho e vamos andar pelos
corredores do supermercado achando
tudo muito caro, cansando os olhos
de tanto arregalar, contando tudo
na calculadora do celular,
centavo por centavo,

É a gente que agora escolhe
o arroz, o feijão, a carne, as verduras,
que pensa no mês que se estica adiante,
eu e a Vanessa,

Agora, é a gente que nos diz não,
que pega primeiro o mais importante
e se der, apenas e tão somente se der,
uma ou outra besteira,

Vinho?
Gorgonzola, sucrilhos, um pacote de jujubas?
Caixa de chocolate, uvas selecionadas?
Essa lâmpada? Aquela churrasqueira portátil?

Não,
nada disso dessa vez.

Agora, é a gente que faz as
compras do mês, por isso,
acho que entendemos
melhor os nãos de nossos pais.


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