sexta-feira, 12 de junho de 2015

Do Algodão-Doce à Rapadura


Para Vanessa
com quem aprendi a viver um amor de sonho
 e sem cuja inspiração eu não seria capaz 
de escrever tão bonitamente.




01.
O amor é sempre maior,
mais delicado, mais bonito,
na imaginação, nas falas
dos poetas, nos filmes, nos
romances, nas fotos dos
casais perfeitos do instagram,

Mas quando vem ao mundo,
quando a ideia se converte em fato,
quando a vontade se transforma em ato,
que diferente, que outro é o espetáculo,
que tão diverso é o amor!

Quem vive o amor
descobre.


02.
Não há quem roteirize
seus sonhos de amor
levando em conta
os detalhes técnicos,

Sonhando, ninguém lembra que existem
febres, dores de dente, de cabeça,
dias inteiros de mau humor.

As pessoas imaginam banquetes fartos
em tardes idílicas e primaveris,
nunca vão se imaginar dividindo
um miojo e um suco ralo numa
noite magra,

Mas o amor tem disso,
quem vive o amor sabe.

Quem vive o amor sabe que
existem suvacos e que é preciso
esfregá-los.

Quem vive o amor conhece
as questões práticas
que o sonhador esquece.


03.
Viver um amor é muito diferente
de sonhá-lo, e o amor vivido,
muito distinto daquele que é
sonhado,

Se você não ajustar
os olhos e as expectativas,
vai procurar por um e, por isso,
não vai ver o outro.

E por não ser capaz de o ver,
vai se perguntar por onde anda o amor,
perguntando, na verdade, pela utopia,
porque estará ali, bem perto, o amor
vestido da simplicidade cotidiana,

Estará
na mão que se oferece e afaga,
no bom dia de cabelos despenteados,
nos afazeres da rotina,

Vibrando o corpo que se alegra
e enlaça, que se esfrega e abraça,
que se entrega e goza.

O amor estará ali,
embelezando o essencial do instante,
abrindo em risos as bocas
dos amantes, enternecendo
as faces.

Não como no sonho:
bonito ainda, mas bonito
de outro jeito.

Quem vive o amor tem que
aprender a ver a ternura,
não como a espera,
como ela aparece.


04.
Tenho essa ideia de que o amor
que se torna realidade perde
os contornos de sublime,
com isso não quero dizer
que perca o encanto.

Não necessariamente.

Se é verdade que a realidade
redesenha o amor sonhado
com os traços mais verídicos
da trivialidade e do convívio,

É verdade também que esse amor
tinge a realidade com os matizes
do fantástico,

Quero dizer que o amor
que deixa o sonho pra ser vivido
não escapa ileso,

Mas se não morre pelo caminho,
se resiste ainda, mantém algo
de onírico e maravilhosamente belo,
uma elegância, uma força,
uns ares, uns brios,

A parte improvável de uma
virtude ainda a ser inventada.


05.
Todo amor que é tirado do sonho
e transposto ao mundo
por mãos firmes e cautelosas,
capricha as coisas simples,
os momentos,

É questão de jeito!

Do jeito de quem ama
ao transportar o amor
para que toque o chão
sem que se despedace.

Quem vive o amor sabe
que trazer o que se sonha
pro que se vive é coisa
muito delicada, mas
bem possível.


06.
Quem vive o amor sabe
que o amor do sonho
não aguenta meia hora
ao sol, ao sal do dia a dia,

Mas se o mesmo amor
que inspira o sonho,
inspira o ato, então,
o amor do fato se confunde
ao amor da fantasia.

Quem vive o amor sabe…



                                                 
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Valeu.

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