sábado, 20 de junho de 2015

O Poeta e o Menino



Era um homem bom
que se fez poeta
e a quem o duro da Existência
tinha feito sábio.

Todo dia, se sentava
na sua mesa de madeira antiga,
apontava o lápis,
aprumava o caderno
e escrevia um tempo.

E isso se repetia
há muito tempo,
todo dia.

Era visto pelo bairro
com deferência e cuidado,
tinha quem o achasse
um louco, tinha quem
o achasse um imbecil,

Mas o mais da gente
o estimava e por isso,
quando o chamavam de
poeta, não se podia ouvir
senão respeito em suas
vozes.

Naquele dia, se sentou
como de costume, diante
do caderno, mas antes
que pudesse fazer
o primeiro risco

Um menino,
muito curioso, bateu palma
no portão e pediu pra
entrar.

Entrou e já foi perguntando
pelo que o senhor estava
fazendo.

- Poemas - ele respondeu
com sua magreza calma.

- Pra quê?

- Eu quero me tornar
um grande poeta.
Criar com essas mãos
uma obra imortal...

- E isso demora muito?

- Às vezes,
uma vida inteira.

- Tu não cansa?

- Às vezes, canso.

- E por que não para?

- Tá vendo aquela estante?
Tem muitos livros nela,
não tem?

- Um montão.

- E se você tivesse que
ler todos?

- Eu nem começava.
Tem muito livro, tio!

- Pois vou te dizer
uma coisa:

Comemore cada passo adiante
e não vai parecer tão distante
o fim de uma longa
caminhada.

Nisso, o menino coçou
o queixo, olhou a estante
de cima à baixo, e, por fim,
cruzando os braços,
disse:

- Não entendi foi nada…

O poeta riu um riso
sossegado:

- Não precisa pressa, um
dia vai entender. E quando
entender, vai comemorar...







                                                                                             
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José Danilo Rangel


Valeu!

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