sábado, 15 de abril de 2017

Um Romeu Tarado



1.
Aprendi errado,
aprendi a desejar
uma mulher só corpo

E amar outra
como que sem.

E como
as duas não podiam
ser a mesma,

Então, eu procurava
uma daquelas fêmeas
peito e bunda das revistas
e dos pornôs,

Que eu ia arregaçar
com a brutalidade
do meu erotismo
amalucado.

Ao mesmo tempo,
procurava uma santa
sem vagina,

Que eu ia andar de
mão dada e dar beijinho
na boca na frente da
família.

Eu era
um Romeu tarado.


02.
Um dos
primeiros sonetos
que escrevi
expressava isso:

Uma dicotomia

Que
não tava fora,
na mulher retratada,
mas em mim…

Era em mim que
conviviam dois anseios
muitos distintos:

Uma tara desgraçada
e um romantismo paralelo
ingênuo e sem entranhas.

Sempre que pensava
em sexo, pensava
em excesso e violência,

Meter com força,
morder, lamber,
apertar

E sempre que
pensava em amor
tirava o sexo da
parada,

Porque foder
era feio...


03.
Eu tinha uns 16 e
minha ideia de sexo
vinha da pornografia
um pouco escassa que
tinha acesso,

Fitas que circulavam
pela escola como um
milagre secreto.

Gente suada, espasmos,
mulheres de caras
descompostas gemendo
e suplicando em inglês

fuck me
fuck me
fuck me

Ou então,
Oh, my God!

Pra mim, isso que
era sexo, uma vergonha,
infame, o nojo de
Deus,

Tanto que achava
incompatível gostar
e desejar a mesma
pessoa,

Sabe?
Eram coisas diferentes
como motivos e fins
muito diferentes…


04.
Quando eu gostava
de uma menina, não
conseguia imaginá-la
com uma rola na boca,

Nem a minha!

Imaginava a gente
se beijando, andando
de mãos dadas, passeando,
ela rindo das minhas piadas
e a gente sendo feliz
assim,

Não
gostava de pensar
nela de quatro pedindo
mais, arreganhando as
pernas e dizem vem,
revirando os olhos.

Esses pensamentos
“impuros”, heheheh
eu tinha com todas
as outras.




                                                           
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